Thierrie Magno

@psi.thierriemagno
Eternos são os laços que criamos n'alma
About Me
Amante da Literatura, caminho pela Psicanálise, pela Psicologia e pelo Amor.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017



"Quando vamos perceber que nossa felicidade depende, antes de tudo, de sermos o que queremos ( e nascemos) pra ser? Quando vou libertar a criança que um dia eu fui e dizer para ela que não há problema em ser desse jeito… Desse jeitinho. Pode ser uma flor se quiser. E ter a letra mais linda e redonda do mundo."

Gael Rodrigues em Trendr

    Li esse texto há alguns meses (leiam na íntegra pois é muito belo!), e o mesmo me voltou à mente quanto estava conversando com uma amiga que é lésbica, porém não é ainda assumida para família , mas que estava decidida a se abrir para assumir, não somente sua sexualidade, mas assumir toda a sua vida...
    Eu a vi despir-se e revelar sua história, não com a simplicidade que contamos de coisas que nos são características, como qual é sua cor predileta ou quantas pizzas consegue comer nos rodízios, mas me contou como se tivesse feito algo errado, como se seus desejos e sua forma de amar ainda fossem algo ilegal e horrível.
    Tive compaixão.
    Em pleno 2017, há tanto Preconceito que ainda faça as pessoas se sentirem ruins em ser elas mesmas...Todavia, fui mais forte que meus pensamentos tristes. Olhei-a nos olhos e lhe disse que estava tudo bem. Que Ela não precisava se sentir com medo ou envergonhada. Por que ter vergonha em mostrar amor?
    Olhei com toda a empatia que consegui sentir e projetar, e comecei a falar-lhe que, a mim pelo fato de ser gay e ser um bom (?) ouvinte, ela poderia ser franca. Falou--me de seu passado... de sua infância e como se sentia deslocada ao estar com as meninas, de como sentia-se estranha porque todas já falam de namoradinhos, e ela nunca se via atraída por nenhum.
    Na verdade, nem naquele momento nem depois ela iria vê-los de outra forma, que não fosse a Amizade, e sentia-se incomodada ao sentir um certo distanciamento dos garotos em relação à sua pessoa. Passariam anos de incômodo achando que não era para ser algo que já era evidente. Eu percebi nela os mesmos medos que eu outrora senti quando olhava para meninas e a única coisa que eu queria delas era ter um cabelo na altura dos ombros...
    Sua adolescência foi um pouco melhor: foi morar no Rio de Janeiro com a Avó enferma deixando os pais e os irmãos em JF City. Começou a estudar em uma escola e fazer novas amizades, as quais seriam o verdadeiro divisor de águas em sua vida. Eram os Emos. Sua simpatia e braços abertos em relação a ela faziam-na se sentir mais aceita, mais amada, mais feliz.
     Porém aquilo veio a se tornar uma vida dupla, pois sendo a heterogirl que a família pensava que ela era, e na roda de amigos gays que ia fazendo aos poucos, sua real natureza começava a desabrochar permitindo-lhe conhecer mais e melhor. Na Cidade Maravilhosa pôde conhecer sua real natureza ao passo que começou a conhecer o Preconceito e o Ódio nos olhos de pessoas que ela, muitas vezes, nem sabia quem eram.
     Mas Tivera que voltar.
     Aqui, ela percebeu, ao longo dos anos, que "sua vida verdadeira" estaria eclipsada pelo preconceito dos seu familiares. Ela tinha criado uma vida "fake" tão bem articulada, que agora para desconstruir seria necessário muita dinamite. Ela abriu o coração e contou-me...
      Contou-me o quanto queria se libertar,  falou de deixar seu sentimentos livres, dizer aos outros quem ela ama e por que a ama, e explicar todos os motivos para amá-la mais e mais. Ela queria dizer ao mundo que sua namorada era a mais linda, a mais doce, a mais viciada em The Walking Dead, a mais ciumenta (embora negasse), a mais autêntica.
      Queria que todos vissem que a vida ao lado de seu grande Amor era uma vida plena: havia sorrisos, havia impaciência, havia hambúrgueres no domingo, havia presente no dias dos namorados.         Estava cansada de dizer que sua "amiga" iria dormir em casa: ela era amiga, mas também era sua namorada, seu amor, e - um dia, quem sabe? - seria sua esposa. Ela realmente se cansou de não ser ela mesma
        Seria naquele dia à noite o dia do confronto e de sua emancipação. Seria seu nascimento para a sua verdade, e eu seria a testemunha desse nascimento, eu pude ver....
       Eu vi Determinação acima do Medo, vi Desejo acima dos Obstáculos, vi Força acima da Dor e, vi muito, muito Amor acima do Ódio....
      
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